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Ninguém nasce odiando uma pessoa pela cor da sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar precisa aprender e se podem aprender a odiar, podem também ser ensinadas a amar. Me apropriei desta citação de Nelson Mandela, não para falar de desigualdades, mas para plantar a proposta de ensinar às nossas crianças o valor de amar umas às outras pela diversidade.
A Cúpula do Desenvolvimento Sustentável da ONU, reunida em setembro de 2015 definiu 17 objetivos – ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável). Os países participantes da reunião definiram os ODS como a Agenda 2030. Essa agenda reflete as ações que envolvem principalmente a economia, sociedade, qualidade de vida e meio ambiente e se propõe a promover prosperidade e bem estar para todos erradicando a pobreza além atuar nas questões do meio ambiente. Desses 17 objetivos destaco três para nossa reflexão:
Objetivo 4 -Educação de qualidade: Assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidade de aprendizagem ao longo da vida para todos;
Objetivo 5 — Igualdade de gênero: Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
Objetivo 10 —Redução das desigualdades: Reduzir as desigualdades nos países e entre eles.
Todos os ODS se relacionam entre sí e alguns são base para outros. Por exemplo a educação inclusiva, redução da desigualdade nos países e equidade de gênero estão intimamente conectadas através da palavra diversidade. Construir uma sociedade mais diversa passa por uma educação mais inclusiva, que tem como um dos resultados a redução das desigualdades nos países. A equidade de gênero é a porta inicial das empresas para começar o processo de diversidade no ambiente de trabalho visando atingir uma diversidade em todas as áreas e principalmente nos cargos de liderança.
Ainda sobre os ODS, segundo entrevista realizada pelo Instituto Global Mckinsey com a diretora executiva da ONU Mulheres, da época, (1)muitos dos ODS tem indicadores que focam em aspectos que impactam nas mulheres. Isso porque em uma sociedade ideal, em que não existe a diferenciação por gênero e raça, todos teriam acesso à educação de qualidade e oportunidades iguais para alcançar uma ótima qualidade de vida.
Porém, a realidade é outra, apesar das mulheres, geralmente, apresentarem maior tempo de estudo que os homens, continuam de acordo com o PNUD-Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento,(2) a apresentar um IDH (índice de desenvolvimento humano) menor do que dos homens. O principal tópico que ressalta essa diferença e o salarial. Em 2019 a renda média das mulheres representava (3)quase 70% da renda dos homens. Este é um quadro amplo só relacionado aos gêneros, mas se considerarmos também a questão racial, a sequência de redução salarial seria, homens brancos, mulheres brancas, homens negros e (4) mulheres negras, essas ultimas com renda igual à 44% da renda dos homens brancos.
Segundo a pesquisa do Instituto Global da Mckinsey a igualdade entre os gêneros traria um crescimento global de (5)12 trilhões em 2025. O crescimento será resultado de todos os parceiros envolvidos, governo, sociedade e empresas privadas. E, de acordo com o Guia Exame de Diversidade de 2020, as empresas que tem um quadro diverso e inclusivo (6)apresentam um aumento de 84% na produtividade e de 77% na pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços, ou seja, equipes diversas são mais inovadoras e proporcionam um retorno financeiro melhor, além de que, em um momento de crise conseguirem ter um desempenho diferenciado.
A diversidade é um tema novo, em desenvolvimento e que apresenta alguns entraves, alimentados pelo preconceito e discriminação. Esse quadro atual, dentro das empresas, onde os profissionais tem dificuldade em aceitar a diversidade, não pode ser a herança transmitida às crianças. As crianças de hoje, futuros profissionais, podem ter uma mente mais inclusiva e incorporar experiencias e vivencias em que a diversidade está presente.
A pergunta é, como oferecer experiências que forneçam a informação sobre a diversidade para as crianças?
Minha sugestão é procurem ambientes que mostrem a diversidade além do conhecido, do que está estruturado na sociedade. O apoio de livros com personagens diversos, os desenhos animados, peças infantis e brinquedos, são fontes inesgotáveis de cultura inclusiva. Como diria Nelson Mandela, vamos ensinar nossas crianças a amar.

Por Kiki Yasbek
(1) https://www.mckinsey.com/industries/public-and-social-sector/our-insights/at-the-united-nations-a-push-for-true-gender-equality
(2) https://valorinveste.globo.com/mercados/brasil-e-politica/noticia/2019/12/09/com-renda-maior-homem-tem-idh-melhor-que-o-de-mulher.ghtml
(3) https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2020-03/apos-7-anos-em-queda-diferenca-salarial-de-homens-e-mulheres
(4) https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/12/politica/1573581512_623918.html
(5) https://www.mckinsey.com/featured-insights/employment-and-growth/how-advancing-womens-equality-can-add-12-trillion-to-global-growth
(6) https://exame.com/revista-exame/por-que-a-diversidade-faz-a-diferenca/