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Este é o meu primeiro texto para o blog do espaço ekoa em 2020. Depois de ler os deliciosos textos da Marcinha sobre acolhida; do excelente educador Marcola sobre as descobertas das crianças; e da Kiki sobre a educação antirracista, decidi escrevinhar um pouco sobre lugar. (Se você ainda não leu esses textos que citei aí em cima, recomendo: eles estão ótimos).
Após a liberação do funcionamento parcial das escolas em São Paulo, eu e toda a equipe fomos convocados ao retorno do trabalho presencial. Ufa! Parecia que esse dia nunca iria chegar, mas por Evoé* chegou!
Dirigi-me ao mesmo endereço de trabalho dos anos anteriores e sabia que o espaço ekoa estava passando por uma grande reforma para o retorno das crianças, mas ainda não tinha visto a parte da obra pronta.
Quando cheguei na porta de entrada, meu pertencimento foi colocado em xeque. Antes, estava acostumada a abrir o portão, passar pelo hall e adentrar na sala das portinhas. Naquele dia, ao abrir o portão, um lugar novo estava sendo apresentado para mim. Todas as paredes tinham sido transformadas em lindas portas de vidros; novas árvores, um novo jardim; nova topologia do terreno; um enorme tanque de areia – que parecia ter vindo da melhor praia da Bahia -. Ali do meu lado direito, o deque de madeira havia esticado e surgiu uma casinha de bonecas que eu nunca tinha visto de tão legal. Banheiros, tudo novo! Cheguei ao mesmo trabalho, mas em um novo lugar.
Lugar!
Que lugar é esse?
Estava incrível! Impossível não admirá-lo.
Naquele dia e na semana seguinte, um anestesiamento corporal acontecia em mim sempre que chegava na escola. Religuei-me com a minha primeira infância. Usei tudo de sensório motor que ficou em mim e comecei a colocar todas as novidades para dentro e, para isso, toquei, cheirei, pisei, sentei, abri, fechei, andei por todos os cantinhos.
“Para Piaget o conhecimento é fruto das trocas entre o organismo e o meio. Essas trocas são responsáveis pela construção da própria capacidade de conhecer. Produzem estruturas mentais que, sendo orgânicas não estão, entretanto, programadas no genoma, mas aparecem como resultado das solicitações do meio ao organismo.”
O período sensório-motor é de fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo.

Nesses dias, estou indo trabalhar escutando e cantando queen bitch, música do Seu Jorge do álbum de 2005 the life aquatic studio session que fala de um lugar e quero usar trechos dessa música para convidar a todos para conhecer o espaço ekoa. Essa música fala sobre evolução, alegria, descoberta e crescimento. Tudo o que a escola está fazendo agora:

“Quero que você venha comigo pra você ver

Tem um lugar super interessante pra gente crescer

Evoluir nosso filhos, nossa mente, deixar crescer a semente

E tem certeza que você vai adorar nosso terreno

Tem tudo pra ficar grande mas vamo’ devagar, começar pequeno

As frutas no pomar, a criançada brincar com você

E a gente esperando a cegonha trazer nosso novo bebê

Depois vamos envelhecer juntos no nosso terreno

E fazer tudo que era muito pequeno ficar grande, grande, grande, grande…

Aí expandir nosso Sam clore

E la vai a ver … pra ser feliz

Como nós, eu e você, nossos bebe’,”.

 

Vai ser muito bom ter você aqui!

Quem já foi, volte, quem voltou, fique, quem ainda não veio, venha.

Teremos experiências incríveis neste lugar tão querido que é o espaço ekoa.

Por Heloisa Trigo

( 1 ) https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/224/1/01d11t01.pdf

( 2 )https://www.youtube.com/watch?v=pXvMddhYGew

*interjeição

Grito de evocação proferido pelas sacerdotisas que cultuavam Baco, pelas bacantes.

[Por Extensão] Grito de felicidade, de alegria; expressão de entusiasmo e exaltação.

Etimologia (origem da palavra evoé). Do latim evoe.