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A retirada da fralda é mais um momento de amadurecimento das crianças, mas um período que sempre causa dúvida nas famílias. Quando é a hora de tirar? Quais os indícios dados pelos pequenos e quais as providências os pais devem tomar? Veja algumas orientações abaixo:

Obviamente há uma variação de criança para criança, mas, pela nossa experiência, observamos que depois de completarem dois anos (entre dois anos e dois anos e meio) esse processo ocorre de forma mais tranquila.

 

Quais os indícios para identificar que uma criança está apta para iniciar a retirada de fralda?

A partir dos dois anos de idade, as crianças começam a apresentar o desejo de deixar de usar fraldas. Os indícios mais evidentes ocorrem quando elas começam a anunciar quando fizeram xixi ou cocô; passam a resistir em fazer as trocas de fraldas e apresentam interesse pelas idas ao banheiro de seus colegas e familiares.

O maior domínio da linguagem oral contribui bastante, pois elas começam a expressar em diferentes momentos do dia seu interesse pelo uso do banheiro. Falam com frequência quais colegas já usam o banheiro, pedem para se sentar no vaso sanitário e costumam se divertir ao falar sobre este assunto.

Outro indício ocorre quando a criança se afasta do contato com outras pessoas, ficando num canto e agacham, a fim de evacuar. Ao retornarem, perguntar se ela fez cocô pode ajudar na sua percepção. É importante, nessas situações, não inibi-las através de manifestações mais intensas.

Como o processo deve ser iniciado?

Antes de iniciar a retirada propriamente dita, recomendamos que a criança use o vaso sanitário como forma de aproximação da situação de desfralde, entretanto, sem a preocupação de que ela tenha a responsabilidade de sucesso.

Isto é, antes do banho ou de uma troca de fralda é interessante colocá-la no vaso para que tente fazer o xixi ou o cocô. Não é preciso esperar muito tempo e caso a criança apresente resistência é importante tranquilizá-la, sem deixar uma atmosfera tensa.

Quando ela consegue usar o vaso, de forma satisfatória, felicite-a pelo ocorrido, mas tenha cuidado para não ter uma atitude muito eufórica, pois isso pode gerar um sentimento de vergonha na criança.

No momento da troca a fralda, caso tenha evacuado, despeje as fezes no vaso sanitário e solicite que dê descarga para que possa se “despedir” de seu cocô.

 Antes de iniciar a retirada propriamente dita, recomendamos que a criança use o vaso sanitário como forma de aproximação da situação de desfralde, entretanto, sem a preocupação de que ela tenha a responsabilidade de sucesso.

Inclua a criança no momento da troca de fralda, dando-lhe algumas responsabilidades, solicitando para que jogue a fralda usada na lixeira ou, ainda, para que levante suas calças após a troca. Aproveite esses momentos para conversar sobre a vontade (a sensação) de fazer xixi e cocô.

E depois?

Depois de algumas experiências “descompromissadas” chega o momento de oficializar o uso das calcinhas/cuecas.

Nas primeiras semanas os escapes ocorrem com frequência e dificilmente as crianças solicitam para ir ao banheiro. São os adultos que as conduzem até o sanitário, salientando para a criança que já é hora de ir ao banheiro.

Ao invés de perguntar se as crianças QUEREM ir, anunciamos que ESTÁ na hora de irem ao banheiro. Uma vez que nesta idade é frequente as crianças responderem com uma negativa qualquer pergunta que indique pausa numa brincadeira.

Muitas vezes, ocorrem escapes logo após a ida ao banheiro. Isto se dá porque elas estão começando a perceber o controle, então elas retêm o xixi/cocô o máximo que conseguem e quando relaxam… O que não é motivo para censuras, mas para comentários lembrando-lhes que é para sempre pedirem para usar o sanitário.

E, em casa como deve ser?

Depois de combinada a data de início, leve a criança para a compra de calcinhas/cuecas, ou dê as calcinhas/cuecas como forma de presente, introduzindo-a numa situação de ritual de uma fase de crescimento.

A partir do dia combinado, deixe a criança de fralda somente nos traslados dos passeios e na hora de dormir.

Quando for difícil deixar a criança sem fralda, mantenha as idas frequentes ao banheiro, como se a fralda fosse uma calcinha/cueca.

Deve-se usar penico ou adaptador de privada?

A escolha cabe às famílias. Sugerimos o uso do adaptador de privada pelo fato de não criar uma etapa a mais neste processo, já que encontramos sanitários em todos os locais frequentados.

Caso a opção seja pelo penico, procure utilizá-lo sempre no banheiro e evite aqueles cheios de botões e aparatos, como forma de diferenciá-los de um brinquedo.

O que fazer quando ocorrer um escape?

Mantenha a calma, converse com a criança e, se o local for adequado, não a troque imediatamente, para que ela sinta o incômodo de permanecer molhada, como forma de discriminação seca/molhada.

Peça sua ajuda para a troca de roupa e sugira para que ela avise que quer ir ao banheiro de uma próxima vez.

Quando for hora de levá-la novamente ao banheiro e ela apresentar resistência, lembre-a (não a recrimine) do que aconteceu da última vez.

O que fazer quando uma criança se recusa a usar o banheiro?

Nas primeiras semanas, não faça disso um problema, pois a resistência é também uma forma de perceber o controle dos esfíncteres.

Se a recusa permanecer por mais tempo, deve-se avaliar se é melhor voltar ao uso da fralda ou se é preferível ter uma ação mais impositiva.

Caso a opção seja a volta ao uso da fralda, isto não deve ser visto como um fracasso. Deixe o “assunto” de lado e em outro momento reinicie o processo.

No caso de uma ação mais impositiva, deve-se gerar algumas situações de desconforto, mantendo-a mais tempo sentada no vaso ou mais tempo molhada. Solicitando sua ajuda para tirar a roupa molhada e para vestir a nova.

Entretanto, deve-se procurar não gerar uma tensão muito grande, uma vez que a criança, por mais difícil que seja para um adulto aceitar, não se recusa a ir ao banheiro “de propósito” ou “para chamar atenção”, mas porque de fato lhe é difícil esta discriminação.

No início, os adultos podem ajudá-las nomeando as sensações que temos quando dá vontade de urinar e evacuar, ou, ainda, sobre o incomodo de ficar molhado. Se a criança começa a ficar mais reclusa ou irritada fale com ela que o que está sentindo chama “dor de barriga” ou “vontade de fazer xixi/cocô” e a encoraje a usar o banheiro.

Reforce a sensação de prazer após uma ida ao banheiro bem sucedida – “Ufa! Que alívio!”.

O que fazer quando a criança precisa da fralda para fazer cocô?

Algumas crianças ficam muito desconfortáveis no uso do vaso para fazer o cocô, necessitando evacuar na fralda por mais tempo.

Para ajudá-la, ofereça sempre o uso do vaso e procure deixá-la confortável usando o adaptador e um degrau para apoio dos pés. Em caso de recusa, coloque a fralda e tão logo ela termine, despeje o cocô na privada.

Criar histórias em que o cocô dela irá encontrar-se com o cocô de toda família, costumam ajudar para vencer a resistência apresentada.

Quando deve-se tirar a fralda da hora do sono?

Tanto a fralda do sono da tarde como a noturna devem ser retiradas quando permanecerem secas após o período de sono.

Para ajudar, leve sempre a criança ao banheiro antes de colocar a fralda e evite a ingestão de líquidos por pelo menos uma hora antes do sono da noite.

Não é necessário acordar no meio da noite para levar a criança ao banheiro.

É ruim tirar fralda no frio?

Não necessariamente. O clima frio não possibilita que deixemos a criança molhada por mais tempo, mas isso não se constitui num problema.

É comum as crianças ficarem mais irritadas/ansiosas no período de retirada de fralda?

Como qualquer marco de crescimento, a retirada de fralda exige da criança um grande investimento emocional. Ela percebe que os adultos têm grande expectativa sobre ela e ela mesma deposita grande expectativa sobre si. Isso pode gerar muita ansiedade, caso ela não consiga corresponder ao esperado.

Aspectos gerais a serem considerados                        

É importante que todos os adultos envolvidos na educação da criança (pais, avós, babás, educadores, tios…) procedam de maneira semelhante no processo de retirada de fralda,

É preciso muita paciência, para não gerar momentos desnecessários de tensão. Afinal, uma coisa é exigir da criança um comportamento que a consideramos capaz de realizar, outra coisa é deixá-la estressada/irritada,

Durante o período de retirada de fralda, quando vem ao berçário ou sair, coloque na mala da criança muitas trocas de roupas (calças, shorts, meias, calcinhas/cuecas e um calçado extra),

Há muitos livros que tem como tema xixi e cocô – vide lista abaixo – e que ajudam as crianças a falarem sobre este tema que tanto as interessam e mobilizam neste momento.

Procure não tornar um tabu falar sobre puns, xixis e cocô, mas, obviamente, cuide para que o contexto seja adequado para o assunto.

Aproveitem algumas indicações de livros para este momento especial:

Da Pequena Toupeira que queria saber quem fez cocô na cabeça dela – WOLF ERLBRUCH – Companhia das Letrinhas

Coleção Que Bicho Será? – Que bicho será que fez a coisa? – Angelo Machado – Editora Nova Fronteira<em>

Cocô de Passarinho –Eva Furnari -Companhia das Letrinhas

Cocô no trono –Benoit Charlat – Companhia da Letrinhas<em>

Cuecas e calcinhas – O certo e o errado –Todd Parr – Panda Books

O que tem dentro da sua fralda – Guido Van Genechten – Brinque-Book

Por Ana Paula Yazbek