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Sempre me preocupei muito com a alimentação dos meus filhos e segui todas as orientações dos pediatras para a introdução alimentar. Desde o que oferecer, em qual momento, qual consistência e qual qualidade de alimentos. Comprei algumas brigas com minha família, quando diziam que o que eu fazia era exagerado e achava que tinha controle sobre tudo o que eles comiam.  

Agora, passados tantos anos, vejo que o controle que tive foi circunstancial e restrito aos primeiros anos de vida, pois conforme eles foram crescendo, passaram a frequentar a casa de amigos(as) e entraram em contato com famílias com hábitos alimentares diferentes dos nossos. Alguns mais saudáveis e outros menos.  

Em casa, por exemplo, não compramos alimentos congelados ou ultra processados. Mas nas visitas aos(às) amigos(as), elas começaram a conhecer alguns destes alimentos e falavam em tom de queixa que a comida fora de casa era mais gostosa. 

Lembro de uma vez, preparar um macarrão super caprichado e do Pedro, com uns cinco anos, saborear e, de forma muito amorosa, dizer que “estava tão bom que parecia até um miojo”. Tive que ligar meus ouvidos de educadora para entender isto como um elogio, afinal, miojo era um alimento idealizado por ele, que muitos amigos comiam e ele não. 

Apesar deste “valor” que tais alimentos tinham para meus filhos, eles sempre comeram muito bem tudo o que servíamos em casa.  Tivemos muitas conversas sobre a importância de termos uma alimentação saudável e sobre a necessidade de evitarmos que a rotina alimentar seja marcada somente por comida de baixo valor nutricional.  

Acredito que as situações de alimentação são momentos de trocas culturais e afetivas nas famílias, por isso é importante que, à medida que crescem as crianças participem de boa parte das etapas que compõem estes momentos: a compra dos alimentos, seu preparo, organização do espaço de alimentação, a hora da refeição e a limpeza dos utensílios.  

Considero, também, que pais e mães devem ser coerentes com o que propõem às suas crianças, pois é até possível que na introdução dos alimentos consigam garantir uma alimentação saudável, mas à medida que as crianças crescem, elas começam a perceber as contradições nas ações dos adultos. Vale pensar que o nascimento dos filhos é uma ótima oportunidade para novas experimentações também para os adultos. Que tal?  

Por Ana Paula Yazbek