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O livro Minha História, de Michelle Obama, é muito inspirador. Nele a autora, forte e resignada, mostra que o meio de alcançar seu objetivo é a educação, e que a educação sempre foi um valor para sua família. Ela percebeu, no início da sua vida profissional e, posteriormente, conhecendo Obama, que pode fazer mais pelas pessoas negras. E fazer mais, para ela, significa despertar nas pessoas a consciência de que através da educação é possível chegar mais longe, atingir um patamar que muitos nem sonham. Por que não sonham?

Porque, simplesmente, não há negros em outros postos a não ser naqueles já pré destinados a quem não tem nenhuma formação ou pouca instrução – a babás, domésticas, cozinheiras, pedreiros, porteiros… 

Não se pode determinar o imaginário do outro, pelo que me falaram. Não, não é isso! A questão é de representatividade, como alguém negro pode achar que será um jornalista, um professor, uma médica, administrador de empresas, gerente, diretor de empresas, presidente da república, se você não vê outras pessoas negras nessas funções. E por quê?

Porque no Brasil a educação e a formação foram negadas no dia 14 de maio de 1888, um dia após a abolição da escravatura, quando os negros não eram mais escravos, mas também não tinham emprego, nem educação. Hoje, a maioria dos negros tem acesso à educação pública que, nos níveis iniciais, infelizmente, não tem a mesma qualidade da educação privada. As cotas foram uma forma de acesso à universidade. 

Agora, nesta pandemia, mais uma vez os negros estão em desvantagem. Aulas por EAD ou home schooling?! Internet, celular, notebook, como a população negra em sua maioria de baixa renda pode ter acesso às aulas online?

É importante romper a barreira e para isso a educação é o meio. O Enem é um meio, mas com a defasagem ampliada pela quarentena é muito provável que este ano muitos alunos não conseguirão participar e, se participarem, não alcançarão boas notas.

No dia 06 de junho, vimos um programa histórico na TV, no qual seis jornalistas negras e um apresentador negro falavam sobre o racismo. Todos chegaram a esta profissão porque conseguiram alcançar o ensino superior, estudando em escolas públicas ou particulares, uma delas inclusive através das cotas e com isso romperam a primeira barreira. O programa só aconteceu porque alguém publicou uma foto com seis jornalistas brancos falando sobre racismo. Cadê a diversidade, cadê a inclusão?

Por isso, neste momento de protestos anti-racistas te convido a fazer um exercício. Quantas pessoas negras trabalham com você? Quais funções elas exercem? E quando você vai à um restaurante, ao cinema, teatro quantas pessoas negras são espectadoras?

Algo está errado, a população negra representa quase 55% dos brasileiros. Porém foi só em 2018 que o número de negros nas faculdades públicas brasileiras chegou à 50,3% dos estudantes enquanto os estudantes brancos representavam 78,8% . Dos negros com formação superior só 6,3%  ocupam cargos de gerência e 4,7% o quadro de executivos. Apresenta-se então, uma nova barreira, a de entrada no mercado de trabalho e possível ascensão. O que você pode fazer para mudar isso? Em sua posição você pode contratar mais negros? Você contrataria?

Você não sabe encontrar profissionais negros? Olhe a sua rede social, visite o Linkedin. Foi lá onde encontrei muitos profissionais negros com formação superior, que conseguiram romper a primeira barreira. 

Como também partilhamos da concepção de Michelle Obama que é pela educação que podemos romper as desigualdades e com o racismo, aqui no Espaço Ekoa estamos muito atentas a isso, ampliando nosso acervo de histórias com personagens negros e de outras etnias, tendo pessoas negras em diferentes funções e abertas a debater esta pauta sempre.

por Kiki Yasbek