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As fadas simbolizam os poderes do espírito e as capacidades mágicas da imaginação.  São seres folclóricos capazes de realizar feitos incríveis e realizar os maiores desejos dos seres humanos. São as responsáveis por escrever o destino das pessoas, do nascimento, até a morte. O significado da palavra fada vem do latim Fata, que significa fado ou destino. Estão presentes em diversas histórias e contos infantis, como Cinderela e a Bela adormecida.  

Crianças são indivíduos que estão na primeira etapa da vida conhecida como infância, anterior à puberdade, até os doze ou catorze anos. Embora este limite de idade possa se estender de acordo com cada cultura ou sociedade, um aspecto que deve ser utilizado para compreender o que é uma criança é o fato de que não são consideradas ou tratadas como adultos e, desta forma, devem ser protegidas e cuidadas por pessoas maiores de idade. 

Para um esporte se tornar olímpico, precisa ser reconhecido inicialmente pelo Comitê Olímpico Internacional (COI). Precisa ser amplamente praticado por homens, em pelo menos 75 países e em quatro continentes e por mulheres, em pelo menos 40 países e em três continentes. A partir desta olímpiada de Tóquio 2020, o COI deu a oportunidade ao Comitê Organizador de sugerir modalidades que sejam populares no país sede e possam atrair o interesse dos jovens para o movimento olímpico. Para esta edição, foram escolhidos o Beisebol, o Softebol, o Karatê, o Surf e o Skate.  

E foi no Skate que a fada, a criança e o esporte olímpico se materializaram, com a obtenção da medalha de prata de Rayssa Leal, no último domingo, dia 26 de julho. De um dia para o outro, a menina de 13 anos foi o assunto mais comentado do Twitter e ultrapassou a marca de 3 milhões de seguidores no Instagram. Sair de uma olimpíada com uma medalha de prata e com tamanha notoriedade na rede social, é uma experiência para poucos e faz lembrar um conto de fadas. Em tempos tão tenebrosos como os atuais, essa menina trouxe uma alegria enorme para os brasileiros que a acompanharam. Sua conquista levou as lágrimas até experientes profissionais do jornalismo esportivo. Rayssa é o incentivo para que mais meninas se aventurem a andar de skate nas ruas e nos parques, quebrando o estereótipo de que são frágeis. Sua determinação é decisiva para que toda menina se empodere e sonhe em trazer para o mundo suas aspirações pouco tradicionais.  

No entanto, precisamos ter muita atenção com a participação de crianças em esportes de alto rendimento, pois a cobrança precoce por desempenho e resultados pode criar uma dimensão desfavorável ao desenvolvimento infantil. Criança precisa se divertir, experimentar e gostar do esporte escolhido (o que Rayssa demonstra claramente). Caso contrário, é possível que percam, ao longo do caminho, a condição de excelência, ou não suportem o peso da cobrança e da concorrência que o esporte impõe a quem dele participa.  

O esporte na infância deve ter ludicidade, ou seja, deve proporcionar prazer à criança, ser desafiador, possível, construtivo, prazeroso e simbólico. Que as meninas olhem para a Rayssa e se imaginem uma campeã olímpica é saudável e desejável. Mas que não sejam levadas e exigidas precocemente para que isso ocorra antes de estarem com a maturidade necessária para lidar com os sucessos e os fracassos inerentes ao esporte de alto rendimento. Rayssa claramente se diverte, tem prazer no que faz e tem uma estrelinha no céu a protegendo. Parabéns, Fadinha! 

Por Ana Paula Yazbek e Marcos Santos Mourão*