Na semana do dia 15 de junho o livro Pequeno Manual Antiracista da Djamila Ribeiro alcançou o topo da lista entre os livros de não ficção mais vendidos. Djamila é filosófa política, escritora e colunista de jornais e revistas. O feito acontece ao mesmo tempo em que a tradução do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis se esgota nas livrarias dos EUA.
O número de escritores negros não cresceu muito nos últimos 112 anos que separam Machado de Assis – um autor negro que foi durante muito tempo retratado como branco – e a autora Djamila Ribeiro. Segundo a pesquisa realizada pela professora Regina Dalcastagnè, da Universidade de Brasília (UNB), entre 2004 e 2015, só 2,5% de autores de romances não eram brancos. A pesquisa traz um retrato de autores de livros para adultos, porém, podemos afirmar que dentro do universo infantil não é muito diferente.
Durante os 10 anos que trabalhei em uma das principais editoras de livros infantis, poucas foram as obras que ofereciam a diversidade em seus personagens. Os livros representavam muitas vezes, mais do mesmo, e assim, os títulos escolhidos pelas escolas, em sua maioria, eram aqueles que traziam, animais ou pessoas brancas como personagens. Os livros com a temática da diversidade não tinham venda expressiva, ou seja, a demanda era pequena, quem escolhia os livros endossava o círculo vicioso, da invisibilidade de autores e temáticas negras. Então, quase não existem livros infantis de autores negros? Sim existem, e eles auxiliam na abordagem da temática racial como uma linguagem mais leve e contribuem para quebrar o círculo do preconceito.
Tanto para adultos, quanto para crianças a literatura levanta a questão da representatividade dos negros dentro da sociedade. Os adultos, são saturados de romances em que a diversidade não está representada. Já para as crianças, elas não têm esta opção de escolha, nas escolas leem o que foi escolhido pelos professores e coordenadores que muitas vezes ou não são negros ou não veem a diversidade e representatividade como um assunto a ser tratado na escola. Por isso, é relevante oferecer mais informações sobre diversidade também aos professores e coordenadores.
Além disto, o hábito da leitura, pode ser incentivado não só na escola, mas também em casa, você pode e deve ler livros com temáticas diferentes para seus filhos. Aqui no espaço ekoa temos a roda de leitura com os bebês e crianças e a diretora pedagógica Ana Paula Yazbek, também envia indicações de livros para as famílias. Veja quais são as indicações dela para o tema diversidade:
A Princesa e a Ervilha – Rachel Isadora – Editora Farol Literário
Chuva de Manga – James Rumford – Editora Brinque-Book
Poemas para ler com palmas – Edimilson de Almeida Pereira – Mazza Edições
Lulu Adora A Biblioteca – Anna Mcquinn e Rosalind Beardshaw – Pallas
Da minha janela – Otávio Junior e Vanina Starkoff – Companhia das Letrinhas
Bola Vermelha – Vanina Starkoff – Pulo do Gato
A vida não me assusta – Maya Angelou – Darkside Books
Amoras – Emicida – Companhia das Letrinhas
Menina Bonita do Laço de Fita – Ana Maria Machado – Editora Ática
As cores no mundo de Lucia – Jorge Fernando dos Santos – Paulus
Tanto, Tanto – Trish Cooxx – Editora Ática
por Kiki Yasbek