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Hoje fiquei com vontade de fazer perguntas, sem dar respostas. Estava planejando a reunião com as famílias da minha escola, estas questões foram surgindo e achei que seriam interessantes para compartilhá-las aqui. Minha sugestão é que pensem em resposta, ou que a partir delas formulem outras. O que acham? 

O tema escolhido para a conversa com as famílias foi “Você tem fome de que?” Sua escolha se deu porque nos parece necessário pensar de modo mais ampliado para as demandas e desejos que perpassam a vida das crianças. No início da vida, a grande preocupação de pais e mães, volta-se para a garantia de uma alimentação, saudável, rica em nutrientes que favoreçam seu crescimento e bem-estar. Mas, para além disso há outros alimentos que devem fazer parte do cotidiano delas, são eles: presença afetiva e interessada, linguagem enriquecida (histórias, canções, conversas), tempo para brincar livre, descanso, contato com a natureza e cuidados diários zelosos. 

Vamos às perguntas? 

– Você, mãe, pai, tem fome de que? E seus(as) filhos(as)? 

– Como podemos garantir a nutrição de cada um destes aspectos? 

– O que, na sua opinião, pode ser considerada a presença afetiva interessada? Isso é sinônimo de ter disponibilidade integral à criança? Você consegue garantir este tipo de presença? 

– É notório que muitas famílias se preocupam com a qualidade dos alimentos oferecidos a seus(as) filhos(as), mas acabam oferecendo um repertório musical/audiovisual/literário mais pasteurizado para as crianças. Você também se preocupa com a curadoria destes conteúdos? Como faz para saber que se o que estão oferecendo/apresentando às crianças é de qualidade? O que seria esta qualidade? 

– Sempre se coloca que o brincar é fundamental para as crianças, mas por que é mesmo importante? O brincar livre é algo natural ou é aprendido? Como é possível garantir o espaço de brincadeira com a organização da casa? 

– Também tem-se falado bastante sobre a necessidade das crianças estarem em contato com a natureza, mas como fazer isso com as crianças que moram em zonas urbanas?  

– As recusas, os conflitos e a agressividade que as crianças apresentam podem ser consideradas formas de comunicação às avessas, ou uma maneira de compreenderem as regras de convívio social, oi ainda podem ser sintomas sobre algo as incomoda. De modo geral, é difícil para pais e mães lidarem com tais manifestações. Há correntes que sugerem disciplinas positivas e há pessoas que preferem ações coercitivas para lidar com isso. O que você pensa sobre isso? 

– Estamos há um ano e três meses vivendo concretamente a pandemia de coronavírus. Se pensarmos que a infância é um período que vai até os doze anos de idade, este tempo representa no mínimo 10% do tempo vivido pelas crianças com o medo à espreita. Você acha que isso terá um impacto na construção de sua subjetividade? A impossibilidade de convívio ampliado, contato físico com pessoas que não são da família, a necessidade de atenção constante aos gestos, higiene das mãos, limpeza dos ambientes e uso de máscaras podem interferir na segurança e autoconfiança delas? Como os adultos podem ajudá-las a passar por tudo isso? 

Semana que vem a gente continua a conversa… 

Por Ana Paula Yazbek