Por Beatriz Miho | Professora do Ciclo I
O projeto integrador das turmas IB (manacá, hibisco e urucum) teve como ponto de partida pensar o que vem da terra. A ideia era que as crianças pudessem vivenciar de perto os cuidados com a horta e pensar o que nasce, o que cresce e o que se faz depois da colheita. Dentro de um projeto, sequências de explorações e investigações vão surgindo e, pensando em como poderíamos aproximar as crianças dos alimentos, trouxemos uma ideia do atelierista Guilherme Fraga e passamos a oferecer banquetes coloridos para a turma do urucum.
Em cada banquete, alimentos com diferentes texturas, cheiros e gostos foram trazidos para que as crianças pudessem explorar com as mãos, sentir o cheiro, saborear e descobrir qual o sabor dessa cor? Organizamos o espaço de maneira convidativa, acolhedora e que promovesse a autonomia das crianças. O líquido é oferecido em pequenas garrafas para que elas possam se servir, as mesas são postas de maneira que consigam transitar entre o espaço e acessar os alimentos oferecidos livremente e, assim, as crianças vão explorando e se alimentando em seu próprio ritmo.
Inicialmente, pensamos nos banquetes como uma forma diferente de oferecer a comida, para que a seletividade alimentar das crianças não se fortalecesse – algo comum na faixa etária do ciclo IB. No entanto, notamos que também era uma forma de aproximá-las de diferentes culturas através da comida, trazendo alimentos que não são comuns no nosso cotidiano.
No banquete vermelho, elas puderam experimentar o azedo do chá de hibisco contrastando com o doce da melancia, a textura firme da beterraba junto com a textura macia do tomate cereja, além de todos os outros gostos e cheiros presentes. As crianças
experimentaram com a ponta dos dedos, aproximando as comidas do nariz e sentindo o sabor de cada elemento do banquete.
Já no banquete amarelo, começamos a trazer alimentos que não são comuns no nosso cotidiano: cuscuz e physalis. O cuscuz foi preparado em uma cuscuzeira, da maneira mais tradicional possível e trouxe um toque especial para essa proposta. As crianças vivenciaram a textura do cuscuz e do milho na espiga, junto com o doce da manga e o azedo do limão siciliano. O suco de abacaxi trazia refrescância junto com o melão, que também estava bem suculento.
Com o banquete verde, tínhamos a expectativa de que talvez fosse o que as crianças ficassem mais receosas. É uma cor que, só de estar presente no prato no momento do jantar, já traz certa resistência. Assim, a experimentação das crianças deu início a partir de comidas que elas já estavam acostumadas: uva verde, maçã e pera. Aos poucos, foram se abrindo para comer um pedacinho de brócolis, uma rodela de pepino e, dando sequência à degustação do limão siciliano, o limão taiti também foi bastante apreciado pela turma.
Os banquetes têm sido momentos de muita exploração, em que as crianças entram em contato com os alimentos com seu corpo inteiro, se apropriando dos gostos e das texturas, além de ter muitas trocas entre elas.